Equilibrando o Espiritual e o Físico

O Amor

O amor é uma das mais penetrantes bênçãos que o Misericordiosíssimo concedeu à humanidade. Ela existe em cada um como semente. A semente germina sob circunstâncias favoráveis e, crescendo como árvore, floresce numa flor e, finalmente amadurece, como uma fruta, para unificar o começo com o fim.

O amor penetra, como um sentimento, em nosso ser interior através da abertura dos nossos olhos, orelhas e coração. Ele, então se avoluma como a água atrás de uma barragem, cresce como uma avalanche ou engole o nosso ser como uma chama. Começa a subsistir somente quando resulta em união. A chama sai, a represa se esvazia e a avalanche dissipa.

O amor é um aspecto natural e essencial do nosso ser. Mas quando é transformado em “amor verdadeiro” – amor ao Criador – adquire sua natureza natural e cor, e mais tarde se torna “puro” prazer no limiar da união.

O coração é um porto receptivo das manifestações Divinas. O seu amor ao Criador e a ansiedade de se retornar a Ele é o mais claro sinal de ser amado por Allah.

O amor é o mais direto e seguro meio para a perfeição humana. É difícil atingir o grau da perfeição humana através de meios que não contém amor. Outro meio de “conhecer a impotência inata de alguém, a pobreza e a confiança no Poder e Riqueza de Allah, e o zelo de alguém em Seu caminho e ação de graça”, nenhum outro caminho para a verdade é igual ao do amor.

O amor é uma montaria concedida a nós por Allah, que nos leva na direção do Paraíso que perdemos. Ninguém que tenha cavalgado essa montaria ficou desamparado no caminho, embora às vezes encontra pessoas nesta montaria celestial caminhando na estrada devido a algumas palavras orgulhosas proferidas por causa da sua intoxicação pela alegria. No entanto, este é um assunto entre elas e Deus.

Nem as “chamas” do mundo, nem o fogo do Inferno, podem “queimar” os que já foram “reduzidos a cinzas” pelo amor. Aqueles que queimam com receio do fogo do Inferno enquanto neste mundo não irão para o Inferno. A última morada de todos aqueles que se sentem seguros contra o fogo do inferno será provavelmente o Inferno. Aqueles que ardem aqui na chama do amor e sofrem o Inferno aqui na terra, porque lutam contra si próprios e o mundo, certamente, não serão submetidos novamente ao mesmo sofrimento na Outra Vida.

O amor nos faz esquecer a nossa própria existência e aniquila a nossa existência na existência da pessoa amada. Exige, então que queira sempre o amante ser amado e assim se dedicar, sem esperar qualquer retorno, totalmente aos desejos do amado. Esta é, segundo o meu modo de pensar, a essência da humanidade.

No caminho do amor, até mesmo uma leve inclinação imaginada do amante a alguém ou algo diferente do amado significa o fim do amor. Tal inclinação é proibida. O amor continua enquanto o amante vê o amado em tudo que o cerca e considera a beleza e a perfeição como manifestação do amado. Se não for esse o caso, o amor morre.

Amantes não podem imaginar qualquer oposição, não importa quão pequena, ao amado. Não podem suportar ver o amado ocultado por algo que causa o Seu esquecimento. Além disso, amantes consideram fútil qualquer coisa que não se trate do amado e qualquer ato que não está relacionado a Ele como ingratidão e deslealdade.

Amor significa a união do coração e o poder de inclinação na direção do amado. Significa, também, os sentimentos serem purificados de qualquer coisa ou qualquer outra pessoa que não seja a pessoa amada e todos os sentidos e as faculdades do ser amado se viram para definir o amor somente. Cada ato do amante reflete a pessoa amada: seu coração bate ansioso pela amada, sua língua murmura o nome dela e seus olhos se abrem e se fecham com a imagem da amada.

Vendo os rastros do amado no sopro do vento, na chuva caindo, nos murmúrios do riacho, na floresta sussurrante, no alvorecer da manhã e na escuridão da noite, o amante se vitaliza. Vendo a beleza da pessoa amada refletida em tudo, o amor se torna exuberante. Sentir a pessoa amada no ar em cada brisa, o amante se alegra. Ao sentir a censura ocasional da pessoa amada, o amante geme de tristeza.

Amantes que despertam para o amanhecer do amado encontram-se envolvidos em sinais de uma inundação de chamas. Queimam nunca desejando escapar deste agradável “inferno”. São como vulcões prontos para entrar em erupção e seus gemidos são como lavas que queimam tudo o que tocam.

Não se deve confundir amor verdadeiro com a sensação sentida por membros do sexo oposto. Esse amor, embora às vezes se transforme em amor verdadeiro, é deficiente, temporário e não tem nenhum valor inerente.

É impossível expressar amor com palavras, amor é um estado emocional que só pode ser entendido pelo amante.

Amantes são intoxicados com seu amor, admiração e apreço ao amado. Apenas a trombeta anunciando o Dia do Juízo os fará recobrarem o juízo.

Só o amor verdadeiro pode terminar com a dor efêmera e extinguir as “chamas” na qual os aflitos “queimam”. O verdadeiro amor irá curar todas as dores e doenças aparentemente incuráveis e responde aos gritos do mundo moderno.

Se não plantarmos as sementes do amor nos corações dos jovens, a quem tentamos reviver através da ciência, conhecimento e cultura moderna, eles nunca irão atingir a perfeição e libertar-se completamente de seus desejos carnais.